“Ei, você não vai acordar?”
Passava das 8h da manhã.
Abriu os olhos.
O cotidiano lhe impusera o despertar mecânico, automatizado.
Não ousara abrir a janela e deixar o sol entrar em seu quarto empoeirado.
Uma avalanche.
Viu poeira sobre as mãos, sobre seus pés e ao ver sua imagem no espelho, viu apenas o cinza.
Não sentiu o chão.
Não sentiu nada.
“Ei, você não vai se limpar?”
Sentiu-se mal.
“Você precisa se limpar…”
Não sentiu mais nada.
Imerso em poeira cinza, tudo o que sentiu foi a ausência de um aspirador de pó.
“Ei, você não vai me escutar?”
Estava ali, inerte, perdido em si, destituído dos seus sentidos.
Não viu o sol. Não sentiu o vento. Não ouviu mais nada.
Não fez nada além de se entregar ao abraço daquela poeira acinzentada…
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